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PARSIFAL (Richard Wagner)
Acto I: Coros da cena do Graal; Acto III.
Acto I: Coros da cena do Graal; Acto III.
Erin Caves (Parsifal), Ante Jerkunica (Gurnemanz), Michael Kraus (Amfortas), Sónia Alcobaça (Kundry); Coro do Teatro Nacional de São Carlos, Kodo Yamagishi (Maestro assistente); Orquestra Sinfónica Portuguesa, Graeme Jenkins (Direcção musical).
Temporada Sinfónica 2018-2019 do Teatro Nacional de São Carlos
Coliseu Ageas, Porto, 12 de Abril de 2019
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No
propósito de ampliação da parceria estabelecida entre o Coliseu portuense e o
Teatro Nacional de São Carlos, cujo exórdio havia ocorrido em Outubro de 2017
com a apresentação em versão semi-cénica do derradeiro opus lírico
pucciniano (Turandot), a lógica inerente a um formato concertante de
largos extractos do "festival sacro" legado por Richard Wagner
entender-se-á, de modo preambular, forçosamente à luz de persistentes
constrangimentos financeiros que não enquanto congruente opção programática,
incrustada, por afinidade temática, na presente quadra pascal. Uma perspectiva,
eventualmente, debeladora de potenciais fragilidades dramático-vocais,
redundará flagrantemente limitativa em face do alcance de um superior nível
artístico.
Considerando
os segmentos seleccionados, o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, em
exigente prestação, denotou suficiente coesão e apuro tímbrico, avultando
sobremaneira as intervenções do naipe mais grave, não obstante alguma difusão
genérica na aclaração de texturas.
Recomendável
prestação da Orquestra Sinfónica Portuguesa, espelhando uma direcção
musical de basta experiência (Graeme Jenkins), caracterizada pela
sensibilidade na escolha dos tempi e fluente coordenação do efectivo,
lastimando-se, tão-somente, um ligeiro pendor para alguns excessos dinâmicos.
Em
Gurnemanz, Ante Jerkunica evidenciou notáveis predicados na assunção do
venerando Cavaleiro do Graal, valorizando a extensa narrativa por intermédio de
um instrumento de ampla rutilância, congenialidade tímbrica e fastidioso
emprego das dinâmicas em inflexões de inequívoco efeito.
Características
ostentadas, de forma análoga, pelo Parsifal de Erin Caves, alternadamente
vigoroso e introspectivo, em robusta prestação, enquanto Michael Kraus,
em circunscrita intervenção, logrou impor-se pelo engajamento patenteado,
permitindo vislumbrar um relevante vocalismo.
Menção
suplementar para a comovente expressividade de Sónia Alcobaça, luminosa
presença no acto integralmente executado, materializada numa eficaz criação
dramática.